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Entre Nós: os caras que eu conheci!




Alguém poderia me dizer quantas vezes eu já me apaixonei? Seria possível enumerar por quantas pessoas meus batimentos cardíacos aceleraram, minhas pernas ficaram bambas e minhas mãos transpiraram desgovernadamente? E quanto àquelas borboletas no estômago, quando parei de senti-las? Será que existe algum tipo de limite para apaixonar-se, alguma espécie de cotas? Caso exista, eu já ultrapassei o meu limite e depois que atingimos esse tal limite paramos de nos apaixonar? Será que é assim que funciona?

Eu realmente gostaria de saber todas essas respostas, porém, como diria a Carina Machado, não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas... Portanto, as perguntas nos motivam a continuar caminhando em busca das respostas e com isso o mundo se desenvolve. Afinal cada resposta gera uma nova pergunta não é mesmo? Afinal, não existe uma verdade absoluta.

Sinceramente, não sei quantas vezes eu já me arrependi por ter me apaixonado pelo cara errado, mas eu sei que eu me arrependi, na verdade, ainda me arrependo muito, não por ter sido uma experiência ruim ou inútil, acredito que toda experiência é importante. E com certeza não, eu não me arrependo dos relacionamentos que vivi, dos caras que conheci, sinceramente eu me arrependo por ter sido uma experiência, sabe? É sempre mais uma experiência, ou pior, é sempre uma nova experiência, fico repitindo isso inúmeras vezes, como se milagrosamente essa nova experiência finalmente fosse a certa, mas não é. Não sei por quanto tempo continuarei colecionando experiências e é por isso que eu me arrependo toda vez que eu descubro que ele foi mais um cara errado.

E como sempre, eu só gostaria que dessa vez não fosse apenas uma experiência, eu esperava que você fosse o cara certo, eu simplesmente não queria ter que mais uma vez fechar a porta depois de vê-lo saindo sem dizer adeus. Estou cansada de tantos rascunhos amorosos, estou cansada de não conseguir publicar a nossa história de amor.


Eu não sei se realmente existe cotas para a paixão, porém, posso afirmar que depois de algum tempo o coração para de acelerar por qualquer sorriso bobo, as pernas adquirem uma firmeza antes desconhecida, as mãos já não transpiram tanto, ou por tão pouco e finalmente aquelas borboletas no estômago, perdem suas asas e retomam sua forma de lagartas. Confesso que com cada relacionamento adquiri algo, aprendi muito e vivencie momentos incríveis, pessoas diferentes, lugares diferentes, culturas diferentes. Porém, mais uma vez afirmo: eu cansei de tantas diferenças, e não estou fechada para o amor, apenas cansei de tantas experiências!

Eminem - The Monster (Audio) ft. Rihanna

Noite tomada de Assalto.



À quem estou defendendo? À mim que sofro as represálias de um sistema que me exclui pelo cabelo que possuo? Ao discurso que carrego comigo de ver um preto favelado como um irmão desconsiderado pela corrupção como eu sou? À possibilidade de reverter os resultados de tamanho descaso do estado à populações à margem de uma educação de qualidade, de saúde de qualidade, acuados, sobrepostos, subalternos, sofredores como eu sou? 

O que leva alguém ao crime? O que leva alguém à não identificação de si no outro? O que leva à alguém subtrair de um dos seus a dignidade? Do prazer do outro, seu contíguo, usufruir de um bem que é dele de direito? 

Hoje fui assaltado, eu e uma outra. Meses de reclusões, de bares não idos, de festas não curtidas, de negações, de trocas por nada? Por uma não identificação? O que leva um preto como eu me subtrair, dizer que vai me matar se eu reclamar por um direito meu de possuir um bem, fruto de meu trabalho, de resistência à minha exclusão, à nossa exclusão?

Como um negro como eu, excluído como eu, pode me lesar? Como eu, desempregado, negro, homossexual, membro de uma religião africana, oriundo de uma família de classe financeira menos abastada pode ser assaltado por um, dois negros?

Nem este reconhecimento foi permitido à obtenção ao meu irmão?

Terá sido ausência de reconhecimento meu? Achar que o Power do Black me imunizaria destes infortúnios? Ou achar que o fato de eu ter acesso, por mérito unicamente meu e dos meus, à uma educação dita de qualidade, me isentaria de ser subtraído mais uma vez?

Não os odeio, mas sinto muita raiva. Raiva por ser tirado de um estado de felicidade e e comemoração pelo evento maravilhoso realizado por mim e pelos meus colegas, futuros administradores (administra-dores). Raiva por ver à mim e à minha colega de infância e de turma coagidos aos que sequer possuem perspectivas , talvez por escolha, não sei. Raiva por tê-la ouvido dizer que os queria mortos. Raiva por ter visto minha amiga chorar pelo segundo aparelho celular roubado em menos de um mês. Raiva por nem sequer pretender requisitar de volta o que era meu, nosso. Raiva por não ter revertido a situação, de fazê-los perceber que somos um, que estamos à deriva das imposições excludentes. Raiva por não ter um Estado que nos acolha, que não saciem nossas necessidades, as nossas e as deles. Raiva por sequer terem uma noção mínima de afetos, compreensões maiores que as que possuem, Identidade.

Porém agradeço por não ter lembrado que possuía em meu bolso uma tesoura, "arma branca". Por não terem revistado meu bolso que continha o dinheiro da produção do evento ao qual participei. Por não terem encontrado a minha raiva, o meu descompasso, o meu ódio ressentido, a minha revolta. Agradeço por terem encontrado a minha felicidade, o prazer de um dia de vitórias, de agrados, de reflexos de minhas potencialidades, dos acertos, dos afetos dos meus. De minhas outras queridas terem ido ao perceber que algo de ruim aconteceria, de terem percebido e fugido do que seria acometido à elas também caso tivessem ficado por mais 30 segundos.

Amanhã ele terá aparelhos bloqueados, chips bloqueados, R$ 20,00 gastos em 4 pedras de crack. Não agradeço por isto. Mas continuo com raiva e que esta me sirva de motivação para continuar conquistando para mim e para os meus.