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Conselhos nem tão sensatos pra vocês homens


Queridos, prezados, rapazes, homens. Tão difícil assim nos entender? Vejam bem, aqui do nosso lado do cabo de guerra é tudo tão transitório que é só fazer sim com a cabeça e não surtar quando a gente explode que tá quase tudo sempre certo: a gente se desespera, mas passa. Guardem os desaforos venenosos e as críticas dentro do saco da raiva e jogue bem longe, no próximo córrego, numa lata de lixo que faça possível reciclar o discurso. Dificilmente somos a parte sensata na hora que o fight pega fogo e cabe a vocês saber que, assim como adoramos os pets pequenininhos, não passamos de um pincher raivoso ou poodle equivocado que mais ladra que morde - pequenas no tamanho mas gritantes na urgência do viver.

Chame pra uma caminhada no parque ao invés de gorda, quando nos questionar sobre o passado, acredite de imediato e não solte nossa mão na rua sem motivo, ainda mais em tempo frio (a cabecinha começa a funcionar à milhão atrás de motivos que expliquem a talvez falta de orgulho ou quem sabe ex que passou no meio das árvores do outono). Expressem de vez em quando algum ciúme, que é pra gente ter certeza de que está tudo no devido lugar, falem nossa língua quando sabem que a chance é grande de magoar e abracem sem medida e nem freio, apertado. Tudo que a gente mais deseja é se sentir necessária porque o dia fica meio torto e incompleto se não tem o coração aos pulos quando está chegando perto de passo apressado. Ou, no lugar de criticar nossas roupas "estranhas", vocês notem quando a lingerie é nova ou a gente fica gostosa mesmo só de pijamão. Por favor, ou é mesmo assim tão difícil?

Ah, se soubessem vocês que tem algo entre as pernas o quanto ser carinhoso com nós, mulheres, na frente dos amigos causa inveja nos solteiros de plantão, tivessem qualquer noção do quanto roda na nossa mente uma frase, um cheiro, palavras rudes de uma briga desnecessária ou elogios no fim de tarde enquanto a louça era lavada, quem dera ao menos a noção do quanto importam os pequenos detalhes como flores vermelhas em datas especiais (é hipócrita a feminina que diz que não gosta), um SMS no meio do dia, chegar no horário porque saber esperar pra nós é arte sem domínio e essas coisas. Bem que podia.

Saiam com os amigos de vez em quando, mas não nos esqueçam pelo resto do dia. Falem de sexo e não deixem cair a peteca (ou, trocadilho, em fim) na rotina. Nos imitem no telefone pra descontrair um pouco, que a distância vai sufocando ao longo dos dias. Detestem aquelas nossas amigas, só que apenas de vez em quando. Sirvam nossos pratos, puxem as cadeiras às vezes e não esqueçam do beijinho assim que fecha o sinal. As broncas, sempre quando a sós, que a gente cuida e se controla muito mesmo para deixar pra lavar a roupa suja em casa e de portas trancadas. Em resumo: nos cuidem. Se é pra ser delicado, que seja com quem a reciprocidade permite - somos a rainha das meiguices, vocês sabem. Tolerem nossa TPM com muito chocolatinho, não nos encarcerem dentro de casa, que precisamos ver a rua, elogiem nosso perfume: nos amem que não existe fórmula mágica, mas sim, tentativa sincera.
Camila Paier

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