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DISPA-ME III: Segundas Intenções!



Estou em pé parada diante da minha cama vestida apenas com a minha toalha amarelo ouro. Não consigo escolher qual roupa usar essa noite. Coloco o vestido grafite, me admiro e desisto, ele é muito antissocial, não combina com as minhas expectativas para hoje. Opto pelo vestido preto básico, discreto, mas é o vestido na cor vinho que preenche todos os requisitos necessários. O decote V possui uma profundidade generosa, o que favorece além dos meus seios, também todas as minhas curvas. O meu reflexo no espelho torna a frase vestida para matar totalmente compreensível. Adiciono o meu sapato pump preto e dourado elevando essa produção para outra dimensão. Definitivamente, saltos deixam qualquer look casual inquestionavelmente sexy. Será que é realmente impossível acreditar que uma mulher seja capaz de si produzir para si mesma? Porque eu planejei cada mínimo detalhe, a escolha do meu batom ametista, – que atribuiu uma sensualidade na medida certa –, foi proposital, eu escolhi pensando em mim, no prazer que iria sentir ao ver o meu reflexo no espelho.


Entro no bar, procuro uma mesa com uma visão privilegiada, decido pela mesa treze, peço ao bartender a minha costumeira dose de Vodka Skyy. Começo a bebê-la tranquilamente, pequenos goles, sinto o calor enorme se apossar da minha garganta, saboreio o meu interior queimar lentamente, gosto dessa sensação de calor. Observo atentamente as pessoas ao meu redor, casais cheios de sorrisos, mulheres cercadas pelos seus grupos, não vejo nenhuma outra mulher sentada sozinha acompanhada somente pelo seu copo de bebida. Sei o quanto isso pode parecer solitário, triste e até mesmo uma atitude desesperada, uma mulher sozinha em um bar? Sim, mas diferente do que sugere a Helena Paige, às vezes quando uma garota entra em um bar ela quer apenas beber, sem ninguém para atrapalhar os seus devaneios. Está produzida e sozinha não é um código para: estou disponível, aproxime-se! Não significa querer uma aventura, ou, sexo selvagem com um desconhecido.

Peço a minha segunda dose de Skyy, mas para minha total surpresa, além da minha Vodka o bartender traz também uma dose de Uísque. Olho intrigada para a bebida durante poucos segundos e a recuso quando percebo o convite implícito, as segundas intenções contidas no sorriso cheio de si do Srº Máximo, – dei esse apelido super despretensioso ao cara da mesa ao lado –. Não o notei antes da oferta silenciosa, será que ele estava sentado durante todo esse tempo na mesa dez e eu não o vi? O bartender parece curioso, mas decide não falar nada, apenas recolhe a bebida e some novamente. Na mesa sete parece que algo realmente importante esta acontecendo, ou talvez seja o álcool saindo para dançar, consigo ouvir os gritos e as gargalhadas de todas as mulheres daquele grupo.

A visão dos eventos ao meu redor me manteve distraída por um longo tempo, pois mais uma vez sinto o meu copo esvaziar, olho decepcionada para o meu copo vazio e decido tomar só mais uma dose, afinal hoje eu estou saindo comigo mesma, e preciso comemorar essa belíssima companhia, assim como, essa maravilhosa conquista de liberdade. Já estava me preparando para pedir mais uma dose, quando subitamente aquela dose de Uísque ressurge. Recuso-a novamente, mas dessa vez não tento conter a irritação presente na minha voz, o garçom parece querer se desculpar pelo incômodo, provavelmente ele percebeu o quanto o cara insistente esta arruinando o clima da minha noite. Finalmente ele pega a bebida, e quando ela esta sendo retirada da mesa, o Srº Máximo a retira das mãos do garçom e a coloca novamente na minha frente, e sem ser convidado ele resolve sentar ao meu lado. Aparentemente convencer o macho alfa da mesa ao lado, atualmente ao meu lado, de que hoje ele não irá tirar a minha calcinha será uma tarefa mais difícil do que eu esperava. Sinto-me violada, porque caras idiotas não aceitam ser rejeitados? Será que a minha recusa foi ambígua? Perco-me nos meus próprios pensamentos...

Vários minutos depois eu retorno das minhas inquietações, e percebo que ele, o Srº Máximo, esta falando algo sobre como seria fantástico acompanhá-lo para um local mais reservado, tento entender como foi que essa não conversa tomou esse rumo, afinal, ele esta falando sozinho, desde que invadiu a minha mesa eu não abri a minha boca, gostaria de uma garrafa de vodka, porque uma dose dificilmente resolveria a minha frustração. Penso em dizer-lhe aquela velha e eficaz desculpa: Eu tenho namorado. Mas creio que seria o mesmo que dizer: Não se aproxime, eu já tenho um dono, mas se não tivesse com certeza transaria com você. Nesse ponto do diálogo, eu já estou exasperada... Respiro inúmeras vezes, quando sem perceber acabo falando com ênfase desnecessária: – Eu não irei transar com você! Porque quando eu digo não, eu quero dizer Não. Simplesmente discordo dessa história de que mulher quando diz não, na verdade quer dizer sim, isso é um mito, um péssimo costume transmitido geração após geração. Eu sou mulher e quando eu digo não, quero dizer exatamente isso. Não estou fazendo charme ou iniciando jogos, não, eu estou lhe dispensando, retire-se, por favor!

Juro que por um breve momento pensei que ele iria me agredir, a reação dele ao seu ego ferido não foi nada positiva. Primeiro ele insinuou que eu era louca por dispensar um cara como ele – como se ele fosse um cara indispensável –, logo depois disse com total convicção que eu estava bêbada. Mas eu não estava louca, muito menos bêbeda, possivelmente grogue, eu apenas não estava a fim dele naquele momento. Mesmo assim, eu deveria aceitar de bom grado as suas investidas porque é normal os homens se aproximam das mulheres sempre com segundas intenções? Não, não é normal. é inconveniente e constrangedor, além do mais eu tenho todo direito de dizer não, para quem eu quiser e quando eu quiser, é dever do outro respeitar o meu não, mesmo se ficar magoado. Afinal, rejeição não é o fim do mundo, todo mundo precisa aprender a lidar com ela.


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