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DISPA-ME IV: Contrato Rasgado!


Ele: — Garota, você está brincando com fogo.
Eu: — Talvez eu goste de incerteza. — Respondi cheia de calor.



Não precisa fazer jogos comigo, não precisa prometer que irá ligar, não precisa agendar um jantar para próxima semana. Não quero nenhuma mensagem subliminar, sem promessas, certo? Porque eu não tenho nenhum interesse em conhecer seus pais. Você realmente não precisa dizer as palavras certas, eu não preciso ouvir um “eu te amo” sussurrado de maneira duvidosa após uma noite de prazeres compartilhados. Não tenta me iludir, ou, me conquistar. Sei que as pessoas tem o péssimo hábito de acreditar em qualquer mentira e terminam se apaixonando. Porém, eu não quero me apaixonar, eu troco o buquê de flores por uma garrafa de vinho, todas as falsas promessas pelas suas infinitas carícias que despertam inúmeras fantasias em minha mente. Faça isso, que eu prometo não lhe pedir em casamento. Não se preocupe em oferecer a chave da sua porta, eu não teria a coragem necessária para aceitar. Mas, se disser que me deseja eu estarei lá, se me ligar porque me quer eu irei atender, só não faz promessas, não cria caso, não inventa expectativas que nenhum de nós pretende cumprir.


Cara, você ainda não conheceu todas as facetas da minha personalidade, ainda não teve o prazer de conhecer o meu melhor. Mas existiu alguém que conheceu todos os meus medos, desejos, fraquezas e sonhos. Ele costumava preencher o vazio que existe em mim. Quando eu acordava assustada no meio da noite, tendo pesadelo sobre cair em queda livre a sua respiração era o único barulho que me tranquilizava. Diante do silêncio apavorante da madrugada ele me abraçava, afastando todos os meus temores. Sem perceber cada milésimo de segundo que eu convivia com ele me convertia em uma mulher perdidamente apaixonada. Acostumei-me a tê-lo cotidianamente em minha vida, acreditei em todas as promessas, até as mais absurdas. Despir minha alma, meu corpo, minha intimidade. Tirei tudo, minha roupa, meu medo, e por fim, a minha armadura. E ele descumpriu suas promessas, não respondeu conforme as expectativas, enfim, eu me machuquei.

Porém, é tarde demais para essas lembranças, eu e você não precisamos ter esse tipo de conversa, pois eu quero você, somente você, sem expectativas ou promessas. Não estou dizendo que eu te amo. Porque eu realmente não amo, isso que eu sinto por você é tudo, menos amor. Estou dizendo que eu não resisto ao jeito que me toca, que me enlouquece, que me tem. Eu não resisto à forma como um simples olhar seu consegue me despir por inteira. Essa adrenalina me excita, sentir o calor dos nossos corpos juntos é como causar um incêndio desastroso. Confesso que eu me acostumei a gozar em plenitude da sua companhia. Creio que o meu desejo, antes anestesiado, se acumulou no meu corpo despertando insaciável, pois, quando estou com você não existem regras, ou limites. Nada é importante, tempo, espaço, hora, lugar, situação, enfim, nada chama a minha atenção, nada é mais atraente. Com você eu não tenho motivos para contestar, afinal você é um banquete para essa minha fome.

Eu era a única que queria uma relação formal, queria ser parte da vida de alguém, mas essa deixou de ser a minha prioridade. Agora estou trabalhando na realização dos meus desejos, por isso, se você quiser calmaria, eu não posso lhe oferecer, mas caso queira diversão... Sua vida pode ficar bastante complicada caso decida se arriscar, pois, eu tenho uma placa em luz neon escrita problema, fica a sugestão. Tenho essa necessidade nua e crua de liberdade, sinto uma enorme vontade de me permitir, talvez, por isso, eu permaneço caminhando por aí, sem rumo certo e sem nenhuma pressa de me acomodar. Porque, depois que eu consegui a minha carta de alforria, me libertei de todos os cárceres, quebrei todas as correntes, abri todas as algemas e me tornei dona e titular do meu corpo não tenho nenhuma urgência em assinar nenhum contrato de posse.

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